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Aspectos geológicos da tragédia em Capitólio

No dia 08 de janeiro de 2022 (sábado), o tombamento de uma rocha sobre lanchas levou ao menos dez turistas a óbito em Capitólio, Minas Gerais. O desplacamento do maciço pode ser associado às fortes chuvas que acometem a região e às características geológicas do cânion no local da tragédia. Segundo especialistas, as mortes poderiam ter sido evitadas por meio de análises técnicas e ações preventivas.


Entenda a região

Os cânions de Capitólio são essencialmente formados por quartzitos, rochas oriundas do metamorfismo do arenito (rocha sedimentar de baixa resistência rica em quartzo). Durante sua existência de cerca de 600 milhões de anos, esses quartzitos foram desgastados tanto por pressões internas da Terra quanto por agentes do intemperismo e da erosão (como as chuvas e os ventos), o que lhes rendeu o aspecto fraturado atual (Figura 1) [1].


Figura 1. Fissura no cânion do Lago de Furnas, em Capitólio (MG). Atente-se para a verticalidade e para a altura do cânion. Fonte: G1 (2021).


No entanto, não somente a natureza contribuiu para a atual conformação dos cânions de Capitólio. Em 1963, a região foi alagada pelos rios Grande e Sapucaí devido ao fechamento das comportas da Hidrelétrica de Furnas, o que alterou a hidrologia e a geologia locais. O novo volume de águas acentuou, por exemplo, os processos erosivos no entorno dos cursos hídricos, visto que não foi possível protege-los da ação das águas devido à verticalidade e à extensão desses paredões rochosos [1].

Logo, tem-se que os quartzitos que circundam o Lago de Furnas já possuem uma tendência a tombar devido ao constante intemperismo químico e físico ocorrido ao longo de milhões de anos, o qual provocou diversas fissuras nas rochas. Em épocas chuvosas, essas fissuras são percorridas por água até atingir a base do rochedo; nesse processo, a água reage com compostos da rocha e a decompõe, facilitando o seu consequente desprendimento do maciço pela ação da gravidade [2].


Importância da Geologia

Pela geologia local, percebe-se que o ocorrido não é um caso isolado e repentino – toda a região está sujeita à movimentação de massas rochosas, especialmente em épocas chuvosas. Cabe ao poder público (em conjunto com os órgãos de turismo), convocar profissionais de Geologia e Engenharia Geotécnica para mapear as áreas de risco e planejar ações preventivas para que tragédias como essa não se tornem recorrentes.

Algumas alternativas propostas por especialistas para prevenir que tragédias como essa se repitam são o isolamento das áreas de risco em épocas chuvosas, a derrubada prévia de rochas que possam apresentar risco e a demarcação de um perímetro de segurança para a navegação/natação no interior dos cânions. Dessa forma, reduz-se a movimentação de turistas por áreas de risco e tem-se um melhor controle do desprendimento de rochas nesses paredões [2,3].


Referências

[1] https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/01/fraturas-nas-rochas-e-erosao-por-agua-e-vento-explicam-desabamento-em-capitolio.shtml

[2] https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,acidente-expoe-necessidade-de-rever-regras-e-analisar-risco-de-areas-turisticas,70003946060

[3] https://www.youtube.com/watch?v=NiocvrDznFQ

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