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Histórico de Obras da Vila Pan-Americana Rio 2007

A construção da Vila Pan-Americana, projetada para receber os atletas dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, custou cerca de R$ 230 milhões e foi tida como um sucesso de vendas. O empreendimento, financiado pela Caixa e incorporado pela construtora Agenco, já havia iniciado os trabalhos preliminares à construção em outubro de 2003, no entanto devido a entraves burocráticos, a liberação do dinheiro só foi firmada em 2004. O então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, classificou a obra como “o maior contrato assinado pelo esporte brasileiro” [1].

O complexo da Vila Pan-Americana conta com 17 prédios e 1480 apartamentos, e foi entregue ao proprietários em 2007, ao final dos jogos do Pan Rio 2007, mesmo não estando 100% concluído.

O terreno turfoso da região exigiu que o estaqueamento e reforço não apenas das construções como das vias do entorno. Ao passo que executou-se corretamente as fundações dos edifícios, não se teve o mesmo zelo em relação às ruas e calçadas. Devido ao não cumprimento de acordos da prefeitura para com a Agenco, as vias de acesso ao condomínio foram asfaltadas apenas, sem correta implantação da infraestrutura que o solo local exigia [2][3]. Por esse motivo, já em 2009 os moradores observavam que o terreno ao redor dos edifícios cedia, o que resultou na visita do Conselho Regional de Engenharia (CREA-RJ) [4]. A Figura 1 mostra o terreno cedendo em um dos pontos próximos aos edifícios.


Figura 1. Desnível no terreno da via. Fonte: O Globo


Além dos problemas devido a mobilidade e estacionamento, os afundamentos nos entornos dos edifícios levaram moradores a remanejarem tubulações de gás e redes de telefonia, que se tornaram visíveis apesar de inicialmente instaladas no subsolo, devido aos problemas estruturais [3]. O mesmo problema ocorreu em tubulações de águas pluviais e nas caixas de gordura [5]. Desde 2011, a prefeitura do Rio tem realizado então obras para recuperar as vias locais [6].

Uma intervenção nas vias desniveladas realizadas pela Geo-Rio ainda está por trás do aparecimento de fissuras nas garagens de edifícios do local, de acordo com um relatório de consultoria contratada junto a Fundação Coppetec, ligada à Coppe/UFRJ. A Geo-Rio optou inicialmente pela injeção de concreto no subsolo turfoso de modo a estabilizar o terreno e conter os afundamentos, no entanto esse tratamento apesar de bem sucedido nas vias principais, levou ao afundamento dos entornos e e ao aparecimento de trincas e afundamento também de duas garagens do condomínio [3]. A situação da garagem do bloco 8, que foi condenada devido ao afundamento e deslocamentos das vigas, pode ser vista na Figura 2.



Foto 2. Garagem do bloco 8 do condomínio. Fonte: Jornal Extra


Essas trincas levaram à interdição das garagens pela Defesa Civil, que no entanto afirmou não haver risco de desabamento iminente dos edifícios [4]. Apesar da apreensão dos moradores, o diretor de projeto da Geo-Rio Luís Otávio Vieira afirmou que:


“Não existe risco nenhum, os prédios estão seguros, inclusive já tivemos uma reunião no condomínio levando o projetista estrutural que atestou junto com a gente a Geo-Rio, o fato que não existe risco para os prédios, o único problema é o transtorno que está acontecendo na mobilidade e na questão da infraestrutura” [5].


Apesar dos edifícios não apresentarem risco de desabamento, o afundamento do solo em determinados pontos da vila levou chegou a impedir moradores de acessarem os prédios, sendo necessária a construção de rampas de acesso para veículos. Os afundamentos levaram ao rompimento da tubulação de esgoto e ao surgimento de crateras em diversos pontos, além da interdição, em 2014, de 200m de trecho de uma avenida que atravessa os condomínios por representar um risco real para os motoristas [5]. Além disso, as calçadas se tornaram desniveladas ou simplesmente cederam em determinados trechos, tornando perigoso o trânsito a pé de crianças e idosos [6].

Esses problemas na infraestrutura viária, juntamente com as obras ainda inacabadas, levaram à depreciação dos imóveis do condomínio, que chegaram a ser comercializados por 50% do valor de apartamentos de prédios da mesma região [7].

Após o insucesso da primeira tentativa de estabilização, a solução adotada foi de uma laje estaqueada ao longo de todo o trecho a ser reurbanizado [8]. As obras, com término inicialmente previsto para o final de 2016 [8], foram estendidas. O projeto sofreu pausas devido às Olimpíadas realizadas no Rio em 2016, sendo retomado após protestos de moradores da Vila em 2017 [9]. Outra pausa ocorreu em 2018, mas novamente as obras foram retomadas em 2019 [10]. Além da estabilização de todo o trecho afundado, a Geo-Rio estaria fazendo obras de recuperação nas garagens dos blocos 5, 6, 7 e 8 [10]. A Figura 3 apresenta trecho final da primeira fase das obras de estabilização.



Figura 3. Trecho final da primeira fase de obras para recuperação de vias da Vila do Pan. Fonte: O Globo


Com o andamento das obras, o preço dos apartamentos da Vila passa por uma nova valorização. Entretanto, além da segunda fase das intervenções que devem ocorrer em outros blocos e na avenida Claudio Besserman Vianna [10], a prefeitura terá de realizar também outros trabalhos na Vila como arruamento, calçamento, iluminação pública, adequação da rede de esgoto e captação e escoamento pluvial, que foram prejudicados com os afundamentos [9].



Referências


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