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Impactos do rompimento da Barragem de Mariana

Como discutido anteriormente, o rompimento da barragem de Mariana foi consequência de uma série de fatores, tanto naturais, como a locação em uma área de baixa estabilidade geológica; quanto artificiais, como fatores humanos, a negligência para a manutenção da barragem e a ocultação de sinais de mau funcionamento para maximização dos lucros.


Na barragem, haviam dois tipos de rejeitos: o primeiro sendo areia, disposta a formar um reforço para retenção da lama, e o segundo a lama, retida por um dique de aterro no talude a jusante. Para manter toda a estabilidade desse sistema, era necessário um sistema de drenagem eficiente que foi garantido por projeto, mas que não foi seguido com rigor. (Souza et al., 2021).


A barragem apresentou, durante seus anos de operação, diversos problemas em seu sistema de drenagem. Em julho de 2010, foi identificado trincas que surgiram devido aos defeitos encontrados na sua fundação e construção, sendo detectado na ombreira direita. Pouco tempo depois, o mesmo problema foi identificado na ombreira esquerda, exigindo medidas para evitar um desastre acarretado pelo mau funcionamento do sistema de drenagem. Por isso, as atividades da barragem foram temporariamente paradas para que as medidas corretivas fossem tomadas. Em janeiro de 2014, foi iniciado um projeto na barragem para o alteamento e consequente aumento de sua capacidade e, para isso, seria necessário um sistema de drenagem mais complexo para suporte à essa nova estrutura. Em agosto do mesmo ano, começaram a aparecer algumas trincas na crista e no recuo. Como solução, foram construídas bermas para o reforço, evitando maiores problemas. (Morgenstern et al., 2016; Souza et al., 2021).


Segundo Morgenstern et al. (2016), que compunham o Comitê de Especialistas para Análise da Ruptura da Barragem de Rejeitos do Fundão, a tragédia, que ocorreu na tarde do dia 05 de novembro de 2015, foi anunciada por uma nuvem de poeira que surgiu ao lado esquerdo da barragem. Algumas testemunhas relataram que, em momentos antes do rompimento, foram observados fumaça e formação de ondas no centro do reservatório, gerando o aumento de trincas pela barragem. Os trabalhadores que estavam no local disseram que foi possível ver uma avalanche de rejeitos partindo da ombreira esquerda da barragem, como pode ser visto na Figura 1.


Com todos os estudos feitos pelo Comitê de Especialistas para Análise da Ruptura da Barragem de Rejeitos do Fundão (2016), levando em consideração as evidências apuradas e os depoimentos de testemunhas que estavam presente no local, a causa que se apresentou mais consistente para o rompimento da barragem foi a ruptura por liquefação dos rejeitos. Segundo Souza et al.(2021), a liquefação de um material caracteriza-se pelo momento em que um material passa a se comportar como um fluído, havendo a queda na resistência ao cisalhamento.


Figura 1: Barragem de Mariana antes do rompimento

Fonte: G1(2015)


Figura 2: Barragem de Mariana depois do rompimento

Fonte: G1(2015)


O rompimento da barragem de Mariana foi o maior desastre ambiental do país, tendo valores altíssimos de contaminação do meio ambiente. A barragem de Fundão se localizava no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Essa região se encontra inserida na região da bacia hidrográfica do rio Doce que, por sua vez, nasce em Minas Gerais e tem seu percurso passando pelo estado do Espírito Santo até atingir o Oceano Atlântico.


Segundo o Ministério Público Federal (2016), como apresenta a Figura 2, o acidente em Mariana causou a morte de 19 pessoas, mais de 50 milhões de m³ de rejeitos de mineração foram liberados, percorrendo mais de 600km de Minas Gerais até o Oceano Atlântico, passando ao longo da bacia do rio Doce e causando incalculáveis prejuízos para todos os sistemas dependentes dos rios que a compõem, tanto a curto prazo quanto a longo prazo. Com isso, 3 reservas indígenas foram atingidas, houve a degradação de 240,88 hectares de mata atlântica e 14 toneladas de peixes mortos ao longo dos rios Carmo e Doce.


Figura 3: Consequências do rompimento da barragem de Mariana


Para conter e reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, foram feitas algumas iniciativas, envolvendo Organizações não governamentais (ONG’s) e, até mesmo, algumas iniciativas do governo federal. Dentre essas iniciativas, a Fundação Renova é a que possui maior destaque, tratando-se de uma organização sem fins lucrativos, sendo resultado de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), em que foi firmado acordos entre órgãos governamentais como o IBAMA, ICMBio, ANA e as empresas responsáveis pela barragem rompida, como a Vale e a Samarco. A fundação é formada por 42 programas que possuem diversos projetos nos 670 quilômetros afetados pelos rejeitos. (Fundação Renova, 2023)


Referências:


NASSAR DE SOUZA, E. .; AMORIM SENA SOUZA, G. .; FERREIRA DA SILVA, I. .; SANTOS TATTO , K. .; DE CERQUEIRA LUZ, P. A. Estudo de caso da ruptura da barragem de Fundão (Mariana-MG). Revista Mackenzie de Engenharia e Computação, [S. l.], v.21, n.1, p.92–117, 2022. Disponível em: https://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rmec/article/view/14708. Acesso em: 23 ago. 2023.


FUNDAÇÃO RENOVA (Brasil) (org.). A Fundação. Disponível em: https://www.fundacaorenova.org/a-fundacao/. Acesso em: 28 ago. 2023.


MORGENSTERN, N. R. et al. Comitê de especialistas para análise da ruptura da barragem de rejeitos de Fundão: relatório sobre as causas imediatas da ruptura da barragem de Fundão. 2016. Disponível em: https://www.fundacaorenova.org/wp-content/uploads/2017/10/relatorio-sobre-as-causas-imediatas-da-ruptura-da-barragem-de-fundao.pdf. Acesso em: 10 de março de 2023.

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